Conciliando Carreira Profissional e Vida Pessoal com Filho Disléxico

Conciliando Carreira Profissional e Vida Pessoal com Filho Disléxico

Recentemente dei uma entrevista para uma pessoa muito querida, a Profª. Valéria Martins, que está empenhada em escrever um livro sobre dislexia. E logo de cara perguntou: “Virginia, a senhora fez mestrado e doutorado;  como conseguiu conciliar a carreira profissional com a ‘correria’ de ter um filho disléxico em casa?”, parei um instante… Nunca reparei o quanto de envolvimento, atenção e dedicação estão inseridos nesta simples pergunta!

Quando o Felipe (ou Pippo, como dizem os amigos) nasceu, eu estava com 38 anos de idade e ele com todo o fôlego do mundo: choro, fome, frio, noites mal dormidas mas se hoje tivesse que passar por tudo isso novamente o faria sem pestanejar. Sabe por quê? Porque considero que não foi uma obrigação. Pelo meu filho faria tudo por amor, como o fiz. Escolhi ter apenas um filho, se tivesse tido vários, acho que teria um pouco de dificuldade para dar a mesma atenção a todos.

“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele.” (Provérbios 22.6). Não se esqueça mãe, que seu filho será seu espelho. Ele comerá o que você come e ele fará o que você faz!

O que fazemos com amor, não sentimos como um peso, uma obrigação! Isto serve para qualquer atividade do nosso dia a dia.

“E como foi o Mestrado com o Felipe pequeno?” Bom, mais uma pergunta interessante. Na época o Felipe estava com 3 a 3,5 anos. Durante algum tempo eu conseguia entretê-lo com os seus brinquedos que estavam estrategicamente armazenados no meu escritório…e por várias vezes eu escrevia minha dissertação com o Felipe no meu colo… Como ele já estava no Maternal no período da tarde eu tentava direcionar todas as minhas atividades para o período em que ele estava na escola. Em casa tive a ajuda de uma empregada doméstica mensalista que me acompanhou por 10 anos e uma tia-avó do meu filho que por vezes me socorria quando eu precisava preparar provas ou corrigi-las. Não há fórmulas prontas para dar conta de tudo… Alguém me disse que se você procura ajuda de alguém procure quem está mais ocupado…. pois esta pessoa será mais útil que um desocupado! Hoje eu digo que foi uma sábia resposta…

Já no Doutorado o Felipe estava com 10 anos e as preocupações já eram outras. Foi neste período que descobri sua dislexia… Bom esta parte da história vocês já conhecem…. (confira o relato A saga de uma Mãe: Como tudo começou)

Filho não é estorvo, é uma opção ou pelo menos, deveria ser uma! Eu não entendo quando ouço algumas jovens mães que perdem a paciência e alegam estarem “cheias” e / ou “cansadas” da vida de ser “mãe”.

Reconheço que o corpo envelhece e se cansa, afinal mãe não é indestrutível mas as forças se renovam quando você chega em casa, seu filho abre um sorriso enorme e diz: “Oi mãe! Você chegou!!!!, que bom!!!! Sabe, mãe hoje eu ….” e aí começa a contar todas as aventuras e às vezes, também as desventuras do dia.

A recíproca é verdadeira: “E aí, filhão, como foi seu dia?

Mãe, fique atenta e participe do dia a dia do seu filho e faça isso com amor. Tenha certeza que tanto você como seu filho serão bem sucedidos. Faça as escolhas certas! Reflita bem sobre isso!

6 Comentários


  1. Maria Virginia, tudo que você disse é um relato de amor que teve pelo seu filho, cuidou dele e ainda cuida com tanta dedicação e carinho. Filhos não são estorvos e ou um problema, ao olhar aquele rostinho te falando como foi o dia é um dos momentos que eu mais amava.

    Mesmo no meu caso que tive que me afastar do meu trabalho e de minha carreira acadêmica para ficar com ele, não me arrependi em nenhum momento e foi um dos momentos que tive o privilégio de partilhar com ele cada minuto e hoje ele está muito bem e cursando o que tanto ama e sempre quis fazer na faculdade.

    Lembrando que no passado, seu prognóstico era nada animador, suas dificuldades em relação a aprendizagem eram enormes e ainda são, a demora em ler e escrever, suas comorbidades, aos poucos ele conseguiu encontrar seu caminho e cada fase para ele é uma nova conquista.

    Parabéns, o Felipe foi muito bem orientado e educado por você e seu esforço contribuiu para que ele pudesse ter sua identidade Disléxica, poder ajudar os outros com suas experiências e relatos de uma parte da vida de vocês e a Dislexia.

    Obrigada por partilhar esses momentos tão marcante e dividir conosco a sua luta, experiência e vitória, como o Felipe enfrentou tudo isso junto com vocês e como ele tem orgulho de ser disléxico, tão firme e seguro mostrando que ter dislexia, não é o fim, mas o começo de uma grande jornada. Exemplo para todos nós.

    Responder

  2. Oi sou mãe de um menino de nove anos,quanto ele começou a ser alfabetizado desconfiei que ele tinha dislexia pois ele tinha muita dificuldade em ler escrever e adora falar palavras complicadas e as empregava perfeitamente e então o qual a dificuldade em escrever e ler, procurei vários professores e médicos e todos me diziam que era muito cedo para esse tipo de diagnostico, o meu filho começou com reforço escolar e fono para que suas notas não fossem ladeira abaixo. Recorri a vários especialistas até que em agosto de 2015 um neurologista confirmou o que eu suspeitava meu filho era dislexio e não uma criança preguiçosa como eu cansei de ouvir.E para a minha surpresa também sou portadora da dislexia.Só que na minha época de criança fui chamada de burra várias vezes.

    Responder

  3. Olá!
    Gostei do seu relato. E revi-me em muitas partes nele.
    Quando finalmente o meu filho disléxico acabou o 2. ciclo, com boas notas (sou professora) resolvi escrever-me num mestrado.
    Pensei que o pior já tinha passado, mas enganei-me, no 3. ciclo os professores são mais exigentes e tive que continuar a estudar com ele as 8 disciplinas.
    Mas Deus ainda me deu mais uma ajuda:
    a minha filha mais nova entrou para o 1. ano e também não aprendi a ler!
    Neste momento acabou o 2.ano com o diagnóstico já fechado: dislexia severa (parece pior que a do irmão) 🙁
    O meu mestrado? Vai andando….
    Vamos ver como termina está história, pois a minha prioridade são sempre os meus filhos.
    Ainda não me posso dedicar a 100% aos meus sonhos 🙁

    Responder

  4. Me enche de alegria ver o Pipo assumir sua identidade. Tenho filho disléxico, mas por conta do que sofreu e viu os colegas como a mesma situação passarem no Colégio, bulling. Ele preferiu ocultar sua identidade. Se saí bem em algumas áreas…mas deixa a desejar em muitas outras. Tenho sido presente na vida dele desde qdo descobrimos suas dificuldades. E isso têm sido extramamente importante.
    As vezes temo o futuro…mas Deus tem sido meu amparo e direção. Sei que se até Ele tem me ajudado…continuará ajudando.
    Pippo passa para nós seu contato!!
    Grande alegria temos em tê lo mais próximos de nós. Somos da Bahia.

    Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *